Há quase dois anos no Brasil,
a haitiana fugiu da violência de milícias e grupos rebeldes,
que utilizam o estupro massivo de mulheres e crianças como arma de guerra em
seu país. Trabalhando como intérprete na Cáritas do Rio, organização parceira
do ACNUR, ela notou uma recente mudança no fluxo de refugiados haitanos.
“É uma situação bem grave que
estou percebendo hoje. Metade dos refugiados que chegam são mulheres grávidas
ou com filhos. Os rebeldes estão cada vez mais visando às mulheres”, explicando que as próprias famílias têm enviado suas mulheres ao
exterior como forma de protegê-las da violência.
Dados do Comitê Nacional para
os Refugiados (CONARE) confirmam essa situação. Segundo o órgão, as mulheres
representavam 15,9 mil dos 28,7 mil pedidos de refúgio pendentes no Brasil até
o fim de 2015. Entre os 8.493 refugiados já reconhecidos até o fim do ano
passado, quase 30% são mulheres.